29 de abril de 2020

DIÁRIO DE UM TEMPO DE MEDO XLV

"O inimigo não é o vírus, o inimigo é o outro. É aquele que transporta o vírus e o transmite a outro. Vamos ter de usar máscara em todas as situações. A máscara vai passar a ser um acessório."
Só tenho a dizer isto: não me conformo. 
A máscara é uma prisão. A máscara é castradora. A máscara transforma o ambiente em algo de surreal, de filme de ficção científica. A máscara provoca-me medo porque me lembra que a situação é perigosa.
Agora que se fala em começar a aliviar o confinamento e a fazer com que a vida comece, aos poucos, a voltar ao normal, a máscara vai ser obrigatória. 
Normal? Com algo que me tapa a boca e o nariz e me impede de respirar livremente? 
Normal? Com algo que me impede de reconhecer as pessoas com quem me cruzo na rua?
Normal? Se não posso conviver sem preocupações, se tenho de estar a contar mentalmente os metros de distância a que tenho de estar dos outros?
Normal? Se nem na praia poderei usufruir da liberdade completa?
Normal? Se não posso abraçar nem beijar?

Hoje é o Dia Mundial da Dança. Dançar para esquecer. Vou. 


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