28 de abril de 2015

O QUE ACABEI DE LER

Depois de uma visita “às putas” (o termo é sobejamente usado ao longo do romance!) o jovem soberano não consegue tirar da cabeça o corpo nu da cortesã Marfisa. Mas, os severos costumes impostos pela Inquisição impedem-no de manter um relacionamento íntimo com a Rainha e de a ver nua. Com o apoio do padre Almeida, um jesuíta português, o único que revela um espírito crítico inteligente e uma mente esclarecida, o Rei vai contornar esta difícil situação. E, enquanto isso não acontece, toda uma intriga se tece na corte. 
A destacar: 
• a inocência do Rei: “Quero ver a Rainha nua. E afastou-se com o mesmo rosto pasmado, embora nas suas pupilas já brilhasse a esperança.» (pág. 38) 
• o despotismo da corte e do clero (pág. 23); 
• a hipocrisia da igreja (pág. 36, 40, 41…); 
• a ignorância: “Que espécie de insensatos são Vossas Mercês que assim se regozijam com o que pode trazer-nos calamidades, e as trará de certeza se não se lhe põe remédio? [...] Não é só o protocolo da corte que se opõe a semelhante disparate, também o impedem as leis de Deus e da Igreja. O homem pode aceder à mulher com fins de procriação e, se os seus humores lho exigirem, para os acalmar, mas nunca com intenções levianas, como seria a de contemplar nua a própria esposa.» 
• as proibições e inibições de caráter sexual que contrastam com o à vontade das cortesãs; até a arte onde se expõem corpos nus é proibida (pág. 24, 25) 
• a caça às bruxas e os autos de fé 
Um romance divertido, crítico, põe a nu, de forma hilariante, não só as mulheres mas também a podridão de uma sociedade ignorante, dominada pela Igreja. 
 “- Resta saber o que se entende por desgoverno – disse o padre Villaescusa. - Queimar judeus, bruxas e mouriscos; queimar hereges; atentar contra a liberdade dos povos; fazer os homens escravos; explorar o seu trabalho com impostos que não podem pagar; pensar que os homens são diferentes quando Deus os fez iguais… Querem Vossas Paternidades que prossiga a enumeração?
Tinham ouvido estupefactos o padre Almeida: todos, incluindo o Inquisidor-Mor.” (pág. 69)

MULHERES

25 de abril de 2015

ENCONTRO COM ALUNOS NA ESCOLA OLIVEIRA JÚNIOR

Foi ontem e foi muito interessante o encontro com três turmas (5º e 6ºanos) da Escola Oliveira Júnior, em S. João da Madeira. 
O tema: ditadura versus liberdade.
O livro: Do cinzento ao azul celeste.
Algumas dúvidas: por que motivo rapazes e raparigas não podiam estar na mesma turma ou na mesma escola? Por que motivo havia músicas e livros proibidos? Por que motivo as crianças iam trabalhar com dez anos? Como foi viver o dia da revolução? 
Os desafios:

  • imaginar que hoje, 25 de abril, 41 anos depois da revolução, alguém se lembrava de fazer a revolução ao contrário, isto é, acabar com a liberdade e instalar, novamente, a ditadura. 
  • imaginar que, se isso acontecesse, não poderíamos estar ali a falar de liberdade, de direitos, de manifestações, de espírito crítico, de futuro.
  • imaginar que, se isso acontecesse, eu e tantos outros, seríamos presos porque escrevemos estórias onde entram palavras incómodas.

Isto nem foi bom lembrar! Houve reações imediatas e as crianças nem querem imaginar que tal lhes possa acontecer!
Mas, nem todos aceitam a escola de cara alegre. Tal como a personagem da estória, alguns alunos consideram que, trabalhando, ganham dinheiro e na escola não ganham nada. De facto, vivemos cada vez mais numa sociedade materialista e isto notou-se e nota-se diariamente no contacto com crianças e jovens.
No entanto, a conclusão, brilhante, saiu da boca de um aluno: "Na escola ganha-se futuro".
E, conversas assim, enchem-nos completamente.

23 de abril de 2015

ENCONTRO COM ALUNOS NA EB1 DO VISO, CANIDELO

Um encontro com alunos que me lambuzaram a cara e a alma.

 No final da sessão, alguns alunos não me largaram. Acharam imensa piada à lousa e ao ponteiro e escreveram-me mensagens.



ENCONTRO COM ALUNOS PARA ATIVIDADE DE ESCRITA

Foi assim, com uma turma de 7ºano, na escola Oliveira Júnior, em S. João da Madeira.Teremos escritores?

11 de abril de 2015

URGÊNCIA...

Desafio nº 87 da Margarida Fonseca Santos: o que faz uma cabra numa ponte romana sobre um rio? 


Tarde de inverno. O rio corre apressado empurrado por um vento desnorteado. A velha ponte romana aguenta firmemente a intempérie e o rebanho que a atravessa para a outra margem, à procura dum lugar abrigado. 
Distraído, o pastor não se apercebe do que está a acontecer e acelera o passo. O rebanho segue-o, submisso. Mas, falta-lhe uma cabra, ele volta atrás. Encontra-a numa luta titânica com a dor e a urgência do cabritinho que teima nascer ali.

PARQUE DO RIO UL

Este parque continua a ser ótimo para caminhadas, corridas, relaxamento, leituras e escritas inspiradoras (seja lá o que isso for!). Um local cheio de luz!






10 de abril de 2015

AMBIÇÃO DESMEDIDA


Demorou uma eternidade frente ao guarda-vestidos. Nada novo para vestir! Olhou o guarda-joias. Desfalcado, há muito não entrava uma peça. (Até o guarda-louça e o guarda-pratas, herança da avó, estavam despidos.) Contudo, tinha de se aperaltar. Afinal, era a terceira semana que saía com aquele guarda-redes famoso. Se corresse bem, depressa voltaria a ter luxos. 
Chegou ao restaurante, frente ao rio, e, mal saiu do carro, caiu o dilúvio. Não houve guarda-chuva que lhe amparasse a ambição!

Desafio RS nº 24, da Margarida Fonseca Santos
6 palavras compostas começadas com GUARDA-