30 de julho de 2015

"DO CINZENTO AO AZUL CELESTE" NO CLUBE DE LEITURA

Foi assim, a última sessão do Clube de Leitura, na Biblioteca Municipal de S. João da Madeira. Foi com muito orgulho (e muita ansiedade) que vi o meu livro Do cinzento ao azul celeste em discussão.


29 de julho de 2015

MICROCONTOS

Os meus microcontos em suporte de papel, numa versão única, em caixa ilustrada pela minha irmã Cristina. Graças à escritora Margarida Fonseca Santos, mentora do projeto, os desafios são aceites e deram estórias. Sem eles estes contos não existiriam; fizeram-me descobrir a minha praia e aqui é onde me sinto melhor na minha relação com a escrita.
Todos eles podem ser lidos aqui, no blogue.

23 de julho de 2015

NO BAILE DA PARÓQUIA

Vivia na ilusão de não haver amor como o primeiro. Ficar solteira seria o fim do mundo logo, agrafou-se ao primeiro que lhe deu trela e dançou com ele, toda a noite, no baile da paróquia. Ele beijou-a e um clarão, (que não foi reflexo do fogo de artifício), iluminou-lhe o rosto. 
Quando ele bateu a porta e partiu, abriu-se-lhe uma janela por onde entrou a lucidez: finalmente entendera que “mais vale só do que mal acompanhada”.

2 desafios, da Margarida Fonseca Santos, juntos: 
nº 94, com clarão, porta a bater e ilusão +  nº 90, com provérbios contraditórios

DECEÇÃO!

- E o que sentiste quando ele te disse tamanha barbaridade?
- Passou-me tal clarão pelo olhar que não disse nada, ele percebeu. Além disso, o gesto é tudo. Levantei-me, peguei no casaco e na carteira e saí, batendo a porta estrondosamente.
- Quem diria! Pareciam feitos um para o outro!
- Afinal, ele não me conhece suficientemente bem. Pensar que eu gostava daquilo? Cada vez mais me convenço que o sucesso de uma relação não passa de ilusão. Que deceção! 

Desafio nº 94 da Margarida Fonseca Santos: com clarão, porta a bater e ilusão

O QUE ACABEI DE RELER

O Rapaz dos sapatos prateados é o último livro da trilogia da qual fazem parte as obras A Ilha do Chifre de Ouro e O Último Grimm onde há uma fusão de dois mundos: o real e o imaginário, tema preferido do autor na sua literatura. 

Hugo tinha seis anos quando percebeu que o mundo não rimava com ele e experimentou a dolorosa solidão dos diferentes. Segundo ele, a sua família é uma família de “grunhos” e de “Is”- incultos, insensíveis, idiotas e irresponsáveis. Hugo é, realmente, um rapaz diferente. Sensível, está atento e questiona o mundo que o rodeia e os sues mistérios: Deus, Céu, Inferno, Morte, Poesia, Amor. 
Ao longo da estória, Hugo vive uma forte paixão e vê-se envolvido num caso policial onde nem sequer falta um crime! No final, o protagonista liberta-se da lei da gravidade e voa na pele do Rapaz dos Sapatos Prateados, o duplo que ele criou, num jogo entre o real e o imaginário. 
Primeira página:
"Tinha seis anos quando percebi que o mundo não rimava comigo e experimentei a dolorosa solidão dos diferentes. Tudo, ou quase tudo, à minha volta me parecia estranho; a começar pela minha família. 
Eu gostava de palavras e tinha aprendido a ler e a escrever antes dos outros todos da minha sala. Como? Onde? Aí é que está! Como ninguém me ensinou, acho que foi a olhar para os títulos dos jornais desportivos que o meu pai trazia para casa ao fim do dia, ou nas revistas que me apareciam à frente, ou até nos letreiros das montras e nos cartazes publicitários. Felizmente, as palavras estão por todo o lado. Eu olhava para elas e elas olhavam para mim como se me conhecessem. Talvez de uma vida anterior em que fomos felizes e vivemos uma história de amor"

Ao longo de todo o romance, o leitor agradece que as palavras estejam por todo o lado e tenham entrado neste romance juvenil. Apetece pegar no lápis e sublinhar todas as frases que fazem sentido e tocam o leitor, que encerram pensamentos e reflexões sobre assuntos que convivem diariamente connosco mas que nos passam ao lado pois vivemos a correr: "As crianças correm para a adolescência, os adolescentes correm para a vida adulta, e nem uns nem outros param para simplesmente ser. Estão sempre em trânsito, a caminho do que vão ser, e nunca chegam a ser aquilo que são". (página 45)

12 de julho de 2015

A CULPA É DOS GATOS


Luísa gosta de gatos. Vinte passeiam-se pela casa, ronronantes; cinquenta, estáticos, estão espalhados pelos móveis. A sala adaptada parece um parque de diversões felinas. 
Tem outra paixão: togas. Mas, os ex-namorados, todos magistrados, não toleraram a gataria. 
Este seria diferente. Juiz, idade madura, compreenderia. Ela requintaria no primeiro jantar, não importava o gasto. Mas o juiz escapou-se, antes da sobremesa, como gotas escorrendo da vidraça. Luísa não aguentou a tosga que apanhou. Morreu nova, solteira e virgem.

Desafio Rádio Sim nº 27, da Margarida Fonseca Santos
 Brincar com anagramas: que palavras se constroem com as letras G S T A O?

6 de julho de 2015

VIVER A VIDA

Esta é a fase ideal para parares a vida de carpideira. Chega! Desvia-te das barreiras, escapa-te das enrascadas. Desamarra as fragilidades, sai da neblina. Respira, finalmente. Lê devagar, medita, partilha. Enfeita-te e sai de casa. Rabisca na areia. Bebe chá, champanhe, se preferires. Reaprende a rir, a bater palmas. 
A fase é fantástica para te sentires bem. Almeja apenas a liberdade. Sem pressas, vive cada dia. A vida é breve mas tem prazeres para te dar, lembra-te.

desafio nº93 da Margarida Fonseca Santos: escrever sem usar as letras O nem U