19 de agosto de 2020

UM VERÃO INVULGAR

Que se lixe 2020, o ano que já deveria ter "passado à História"!

Numa altura em que já toda a gente "trepava pelas paredes" e "arrancava cabelos", eis que chega o verão e as tão desejadas férias para nos pormos à "sombra da bananeira". Mas, todo o cuidado continua a ser pouco. Então, marcam-se ou não se marcam as tão desejadas férias fora de casa? E lá fica toda a gente "de pé atrás", "a torcer o nariz", na dúvida se deve ou não deve sair. 

É preciso "andar na linha" que o bicho morde! Mas, "perdido por cem, perdido por mil"! Vamos "abrir mão" de uma oportunidade de apanhar sol estendidos na praia, de mergulhar entre peixes e moluscos, de "comer do bom e do melhor" sem ter de cozinhar…? No way!!! "Tire-se o cavalinho da chuva"! Já se anda a "bater na mesma tecla" há muitos meses!!! Há que "fazer orelhas moucas" e "vista grossa" e agarrar o verão "com unhas e dentes". 

As pessoas querem "soltar a franga", é um direito! E, quem "se armou até aos dentes", com gel desinfetante e máscaras, e partiu, muito se admirou, sobretudo quem partiu cedo. Se, em anos anteriores, entrar em certas praias portuguesas era como "meter o Rossio na Betesga", este ano sobrava areia!

Ora, então, "façamos o balanço" da situação: para quem partiu de férias e se divertiu, esses dias são "favas contadas". Quem hesitou e ficou em casa "a ver navios", vai ter, possivelmente, "dor de cotovelo" dos ousados (ou inconscientes, vá-se lá saber!).

"Uma mão lava a outra" e as duas sacodem o vírus! Esperemos, apenas, que ninguém tenha "metido a pata na poça" e que quem "andou à chuva" não se tenha molhado!


6 de agosto de 2020

HÁ DIAS COM SABOR A VERÃO

Em março, foi apresentado ao público o meu último livro intitulado Os dias são assim. Cinco meses depois, os dias continuam assim, uns mais apetecíveis, outros menos.

Hoje, foi um dia assim. 

Um dia de abrir as portadas e dar os bons dias ao sol. De encher as tostas com compota e saborear o leite frio. De trincar a fruta preferida. De aterrar num cantinho do paraíso. De encher os pulmões com o ar do mar. De mergulhar entre algas, peixes, caranguejos e mexilhões partilhando o seu reino. De observar as idas e vindas das marés que, nas suas viagens, transfiguram a praia. De apreciar o voo louco das gaivotas. De respirar à sombra de uma árvore. De sentir a brisa a soprar. De cheirar a infância nos odores da mata. De passear um livro. De beber poesia na esplanada de um café. De lamber o gelado a derreter. De ver as horas a passar lentamente. De deixar o dia andar devagar. De saber esperar. De absorver a paz da noite que, entretanto, trouxe o silêncio.

Hoje, foi dia de ficar quieta a ser feliz.

Há dias assim, com sabor a verão.




3 de agosto de 2020

"UM MILAGRE GUARDADO NA ESPERANÇA"

Já tinha perdido a conta. Já não sabia quantas vezes fora ignorado, humilhado, maltratado.

Desde que começara a frequentar a escola.

Desde que começara a procurar emprego para o qual se formara.

Desde que decidira confrontar o mundo com a namorada branca.

Desde que deixara de ignorar os abusos.

- Igualdade! - foi o grito interior de Tomé, já sem forças para respirar. Mas, antes do último suspiro, ainda conseguiu balbuciar: a igualdade é "um milagre guardado na esperança".

Desafio 212 ― Frase de Valter Hugo Mãe