30 de dezembro de 2011

MICROCONTOS

Desafiada pela escritora Margarida Fonseca Santos a redigir pequeníssimos contos com, exatamente, 77 palavras, reduzi dois, escritos anteriormente, sofri muito e eis o resultado publicado aqui:

1.
Sento-me, desenho e vislumbro o Sena que desliza ao som de acordeões. A Noite quer entrar. Traja um vestido de veludo negro estrelado. Como reparou em mim?
- Desenha-me – pede.
Hoje, veio sozinha sem a inseparável amiga Lua.
Desenho-a, timidamente. Traço a traço.
- Está lindo! Nunca me pintaram com tanta perfeição.
A Manhã chega, estremunhada. A Noite vai partir.
Adoro este vigésimo andar. Fica afastado da rua mas perto do céu. Aqui, a Noite chega primeiro.


2.
Marci é simpático, meigo, desengonçado. Observa tudo ao redor, com os três olhos bem abertos. As longas antenas captam sons da casa e da rua: música a tocar, gente a falar, carros a buzinar. Mas não está confortável onde o alojaram. O dono cresceu, já não dorme naquele quarto tão arrumado. Marci sente-se só, enjoado.
Quer brincar, não tem com quem.
Quer conversar, não há ninguém.
Quer ver mundo, sair. Que tristeza! Não mais se poderá divertir?

29 de dezembro de 2011

LIVROS COLETIVOS

Por convite da Rede de Bibliotecas de S. João da Madeira, dei início a um conto que as escolas continuaram e ilustraram. O resultado final é um livro onde constam as várias estórias surgidas do mesmo início: Maria é uma criança que sonha ser uma bailarina famosa. E dança, dança, dança...


Eva Cruz e Josias Gil foram, também, autores convidados que iniciaram outras estórias.

28 de dezembro de 2011

O SANTO GULOSO

Parece que é desta que um novo livro vai surgir. O santo guloso está nas mãos da Helena Veloso que trabalha a toda a velocidade para acabar as ilustrações. Por enquanto, fica uma imagem para aguçar o apetite (literalmente!!!).

24 de outubro de 2011

LIVROS COLETIVOS

A pedido da Rede de Bibliotecas Escolares de S. João da Madeira, iniciei um conto que circulou pelas escolas do concelho e, ideia a ideia, frase a frase, desenho a desenho, o conto foi ganhando várias formas, conforme as escolas por onde passou. O resultado está exposto no Centro Comercial 8ª Avenida onde decorreu, hoje, a cerimónia de inauguração.













"TRAMBOLHÃO NO PASSADO" - MENÇÃO HONROSA


Em parceria com alunos, escrevi o conto intitulado Trambolhão no passado que foi enviado para o concurso Grande C, em maio de 2011. Publicados os resultados no final de setembro, tivemos uma agradável surpresa quando soubemos que o conto tinha ganho uma menção honrosa. O prémio foi entregue em Cascais, durante a festa do Grande C, onde os alunos puderam conviver com imensas pessoas conhecidas ligadas às artes: atores, músicos, realizadores, escritores.

O conto é uma aventura vivida na época das invasões francesas, quando as tropas francesas atacaram Arrifana durante a noite e deixaram a povoçã0 a arder.

4 de outubro de 2011

AS MINHAS VIAGENS

Agosto 2011






É a magia… *
… dos dias de calor mesmo quando chove;
…. da alegria e do ritmo nos corpos de chocolate;
… da autenticidade de um povo hospitaleiro e genuíno, apesar da vida agreste;
…. da adrenalina que sobe à medida que as moto4 agridem a areia e avassalam as dunas;
… de uma paisagem lunar quando, do alto das dunas, se avistam quilómetros de praia branca;
… do marulhar de um mar que não se quer cansar e traz ondas folionas;
… da nuvem teimosa que não foi convidada mas vem e molha quem brinca na areia;
… dos ventos alísios, brincalhões.
… do sol que se deita e convida a um mergulho nas águas tépidas do mar que o acolhe e se torna dourado;
… do dia que acaba e da noite que vem vestida de festa;
… do jantar engolido porque a festa já está à espera;
… dos paladares da cachupa e da lagosta;
… das noites animadas, aquecidas pelo grogue e pela música que se começa a ouvir mal chegam as primeiras sombras;
- das músicas de ritmos diferentes: lento e quente das mornas; enérgico do kuduro; sensual do funaná;
… dos corpos molhados, moldados pelas t-shirts suadas;
… das estrelas que dão brilho à noite escura;
… da morabeza distribuída gratuitamente;
… da Boa Vista, ilha num arquipélago onde a pressa não entra. Porque, em Cabo Verde, no stress!



*Texto publicado na revista Fugas, suplemento do jornal Público, no dia 29 de outubro de 2011.

14 de agosto de 2011

AS MINHAS VIAGENS

Agosto 2006







Sorria, você está na Bahia*



Depois de onze meses de prisão a planear a fuga, o grande dia da evasão chegou e todos os planos se concretizaram.
O avião aterra, sem pressas nem solavancos. À nossa espera, para nos receber e acolher, encontra-se a liberdade. Oito dias, no convívio da tranquilidade e da paz que o espírito tanto anseia. Sem horas nem compromissos, sem a prisão do telemóvel ou do computador. Só com máquina fotográfica para ajudar os olhos a reter tanta beleza.
Sob o céu azul, estendem-se quilómetros de areia branca, abraçada pelo mar e por frondosa mata, que nos conduzem à pequena e formosa vila piscatória cujos restaurantes, lojas e feiras de artesanato maravilham os turistas com o seu toque de rusticidade sofisticada. Aqui, as tartarugas marinhas vêm desovar e são protegidas dos predadores pelo Projeto Tamar. Biodiversidade, beleza natural e encanto moram na Praia do Forte.
O mar, que acorda nervoso, vai relaxando ao longo do dia. Ao final da tarde, completamente calmo, alonga-se, lânguido, e mostra-nos todo o seu esplendor. Peixes e corais convidam a colocar a máscara e a fazer snorkeling.
Este é o local certo para fugir ao ruído e à confusão. Onde silêncio, calma e paz rimam com calor, boa disposição e festa. E, para alimentar a festa, apenas a 60Km, a cidade de S. Salvador da Bahia, de flagrantes contrastes e cheia de História, espera por nós e envolve-nos. Logo nos deixamos seduzir pelo ritmo dos berimbaus e pela alegria da capoeira, pelo odor e sabor da fruta, pela cor das baianas e das paletas dos pintores, pela música saída dos sinos das inúmeras igrejas. Tudo tão pitoresco!
- Sorria, você está na Bahia – dizem-nos.
E é impossível não sorrir, não dançar, não conversar, não beber uma agradável caipirinha, não saborear um delicioso sorvete de frutas exóticas, não encher a alma com tanto que este cantinho do paraíso tem para oferecer.
E é com tristeza que a viagem termina e se regressa com lágrimas nos olhos a dizerem saudade e com um sorriso nos lábios a dizer voltarei.
Há quem diga que somos aquilo que lemos e o que vemos. Acrescento: somos viagens.






*Texto publicado na revista Fugas, suplemento do jornal Público, no dia 10 de setembro de 2011, e premiado com um livro da coleção "Rotas e Percursos".

10 de agosto de 2011

AS MINHAS VIAGENS

Viagem a Cuba, em 2007



Varadero: onde o mar nunca se zanga com a areia e, num vai e vem indolente, convida a conhecer os seus segredos. (a minha participação na Fugas, Público)






Pôr do sol em Varadero




18 de julho de 2011

HORA DO CONTO EM ESPINHO

Um ano depois, estarei de novo na Feira do Livro de Espinho, numa hora do conto para crianças de um ATL, actividade dinamizada pela Calendário de Letras, no próximo dia 20, pelas 15h. Desta vez, a Helena Veloso estará comigo para, em conjunto, promovermos o nosso livro Do cinzento ao azul celeste.

5 de maio de 2011

ENCONTRO COM ALUNOS

Mais um encontro com alunos de 6º ano, na Escola Básica e Secundária Oliveira Júnior, em S. João da Madeira. Foi um momento muito agradável, com alunos muito interessados que fizeram perguntas/observações bastante pertinentes e inteligentes.

Artigo publicado no jornal O Regional, de 5 de Maio.

ENCONTRO COM ALUNOS NA MARINHA GRANDE

Foi na escola Guilherme Stephens, na Marinha Grande, um grande encontro com imensos alunos.






2 de abril de 2011

ENCONTRO COM ALUNOS


Mais um encontro com alunos do 2º ciclo, da Escola EB 2,3 de Medas, Gondomar. Foram duas sessões muito agradáveis. Os alunos, muito atentos, quiseram saber mais sobre os motivos que originaram o livro Do cinzento ao azul celeste, sobre o nosso passado recente, e sobre futuras publicações. O véu foi levantado e falámos de estórias escritas que ainda não são livros. Sê-lo-ão algum dia?

8 de março de 2011

DIA DA MULHER

Porque hoje é o dia da mulher, a minha solidariedade para com todas as mulheres que sofrem e não podem ser felizes porque os outros não permitem.

Humilhadas
Caladas
São mulheres, violentadas

Escondem mágoas
Escondem lágrimas
Esquecem risos e afagos

Olhos negros
Negra a alma
É muita a dor
É pouco o amor

“É urgente destruir certas palavras”
Crueldade, violência, solidão
Muitos lamentos
E toda a prisão

É urgente reinventar certas palavras
Verbos reflexos do amor
Antónimos de dor:
Dar-se
Apaziguar-se
Amar-se

Canto para ti, mulher coragem
Canto para ti e quero
Entre marido e mulher
Meter a colher

7 de março de 2011

O PINTOR DA NOITE

O ilustrador Paulo Galindro, cujo trabalho adoro, lançou um concurso que, ele próprio, intitulou "concurso maluco de escrita hipercriativa". Aceitei o desafio e terminei uma pequena estória (pelo regulamento o texto não podia ter mais de 500 palavras) que estava adormecida mas que o desafio fez despertar. Participei e estou nos quatro finalistas. A votação para o melhor está a decorrer no Facebook, no mural de Paulo Galindro, e no seu próprio blogue onde está publicado o texto.

O pintor da Noite



Sento-me à minha mesa de trabalho e desenho. Olho através da janela e vislumbro o Sena. Lá longe, o rio desliza tranquilamente ao som de acordeões que adormecem vagabundos. A Noite espreita. Quer entrar. Pede-me que lhe abra a janela. Fico indeciso, nervoso com a sua presença inesperada, mas lá aceito que ela entre, talvez só por instantes. Sinto-me intimidado.
Ela entra. Traja um vestido deslumbrante, veludo negro semeado de estrelas cintilantes. Usa um vestido diferente cada vez que surge. Reparo nisso sempre que a observo mas, o de hoje, é, sem dúvida, o meu preferido.
No final de cada dia, todos os dias, ela visita outras casas, outras cidades, outros países, e ignora-me. Não sei como hoje terá reparado em mim. Talvez por ser o meu aniversário, quem sabe! Só ela poderá responder.
Senta-se a meu lado e pede-me:
- Desenha-me.
(...)
Continua, in Os dias são assim

10 de fevereiro de 2011

CARTA AO PRINCIPEZINHO



Arrifana, 20 de Fevereiro de 2005



Querido Principezinho:

Pelo sonho é que vamos?

Pelo sonho,
pela fé num mundo melhor,
pelo amor,
é por aí que vamos.

Partimos
ao encontro do espaço encantado
onde a linguagem ainda não é fonte de desentendimentos.
Onde há tempo para olhar uma flor,
a tua flor que cuidas, proteges
e amas.

É esse amor que nos faz falta!
Vem de novo ao nosso planeta
mostrar às pessoas como elas são ridículas,
mesquinhas,
egoístas,
materialistas.
Vem falar com elas e ensinar-lhes o que a raposa te ensinou.
Mostra-lhes o significado de cativar,
mostra-lhes o que é dar,
mostra-lhes o que é amar.

Ensina-as a olhar as estrelas.
As únicas estrelas perseguidas são as da TV.
Mas essas não brilham – a futilidade não brilha –
e não amam.

Fá-las ver o absurdo em que transformaram o mundo.
Porque exploram,
discriminam,
rejeitam,
e não amam.
Porque enganam com palavras gastas,
com gestos consumidos,
com corações que não sentem
e não amam.
Porque fazem a guerra,
matam,
matam-se
e não amam.

Querem fazer leis,
querem mandar,
não querem obedecer
nem amar!

Vem de novo,
ensinar o significado de amar.


Um beijo, até breve

uma fã