25 de abril de 2023

25 DE ABRIL, 49 ANOS DEPOIS

Há 49 anos era eu uma miúda ignorante da vida, ignorante do mundo, a quem uma revolução veio abrir os olhos e fazer crescer no conhecimento.

Apesar de, nessa altura, já gostar de escrever, nunca me passaria pela cabeça que, hoje, teria livros publicados e, sobretudo, dois livros que, certamente, seriam proibidos e levariam uma enorme cruz azul, símbolo da censura, se a revolução do 25 de Abril não tivesse acontecido.

O primeiro a ser publicado, Do cinzento ao azul celeste, é um manifesto pela liberdade. Uma estória para os mais novos onde se fala da escola e dos professores, da liberdade e da falta dela, dos poetas, da poesia e de livros, de escritores e de cantores, de bibliotecas cheias de sol de cor e de saber. As belíssimas ilustrações da Helena Veloso levá-la-iam, também, à prisão. Iríamos juntas, numa cumplicidade de palavras e imagens.

O último a ser publicado, A vassoura que desvassourou, é uma brincadeira, mas séria, pois, à moda de Gil Vicente, “ridendo castigat mores”.

Cansada de tanto varrer, a vassoura decide fazer greve. Solidários, e também eles fartos de trabalhar, esfregões, panos, tachos, panelas, frigideira e, ainda, o galo, que prevê o seu fim num enorme tacho, juntam-se à vassoura numa manifestação tão ruidosa que deixam a velha (a dona dos objetos que explora) enloucada.

Felizmente, os Capitães de Abril tiveram a audácia, a coragem e o discernimento necessários para, hoje, podermos ler o que nos apetecer, mesmo, e sobretudo, os livros que nos abrem os olhos. Os meus começaram a ser abertos com o livro Esteiros, de Soeiro Pereira Gomes, um livro proibido pela censura que, imediatamente ao 25 de Abril de 1974, passou a ser lido nas escolas.

Abençoado dia!


23 de abril de 2023

DIA MUNDIAL DO LIVRO


Sendo, hoje, o Dia Mundial do Livro, gostaria de vos falar de um, para mim muito especial. Como sua autora, desde logo se torna suspeito, mas o livro merece. Ele tem 12 histórias para contar e a sua própria história daria uma 13.ª, a que se segue.
Os dias são assim foi apresentado aos leitores no dia 6 de março de 2020 e confinou logo de seguida. O Mundo acabara de entrar numa pandemia e toda a gente se fechou em casa. E, durante dois anos, os dias foram assim, isolados, fechados, tristes. E foram canceladas todas as apresentações previstas.
Três anos passados, as histórias que ele tem para contar continuam cheias de amores e desamores, de encontros e desencontros, de lutas, fracassos, mas também de conquistas, porque os dias são assim, cheios de vidas. Umas inventadas, outras verdadeiras, outras um misto de realidade com pura ficção. E é o leitor que tentará descobrir onde está a vida real, onde está a ficção.
Boas leituras!