20 de novembro de 2016

AINDA O ACORDO ORTOGRÁFICO

Estou cansada de ouvir opiniões contra o acordo ortográfico! 
Se fui a favor? Não, não fui!Todo o processo foi bem conduzido? Não, não foi! Aceitei? Tive de aceitar por imposição às escolas. Quero que volte atrás? Não, já vai tarde! 
Ricardo Araújo Pereira, pessoa que muito admiro, acabou de defender, no programa Governo Sombra, usando uma data de disparates como argumento, que se trave a implementação do AO em Portugal. 
Pergunto eu: o que acontece quando se tenta travar um carro quando vai em velocidade acelerada?
Das duas uma: se não tem outras viaturas à frente, acaba por parar, sem estragos, apenas uma chiadeira e pneus gastos. Mas, se há viaturas à frente, vai bater e fazer um grande estardalhaço. É o que vai acontecer se alguém decidir travar o que já vai adiantado e a uma grande velocidade. O AO entrou em vigor, em Portugal, há já vários anos. Os alunos que frequentam, agora, o segundo ciclo, já aprenderam a escrever com as alterações introduzidas. As editoras também o fizeram e os livros, nomeadamente os manuais, os dicionários, as gramáticas, assim como a literatura, são publicados obedecendo à mudança. 
E agora? Voltar atrás? Ensinar aos alunos mais novos que aprenderam mal? Dizer aos alunos mais velhos, que aprenderam a escrever antes do AO, que agora vão voltar à primeira versão quando foram obrigados a esquecê-la para se adaptarem à nova? Andamos a brincar à ortografia? 
E liberdade de expressão é o quê? Cada um fazer o que entende? Não concordo com o AO, logo, escrevo como quero! E são tantos que o fazem que até parece que estamos na república das bananas!!! O que vão pensar os alunos sabendo que, nas provas de avaliação, se não usarem as regras do AO vão ter grandes descontos na pontuação, porque estão a escrever com erros de ortografia, quando os outros escrevem como entendem? 
Além do mais, o que mais me irrita quando ouço os argumentos contra o AO é a falta de argumento. E, um dos exemplos mais usuais, é o espectador/espetador. Outro exemplo é o pára/para. Ambos chocam muita gente. Mas ninguém sente falta do acento em casos semelhantes. Será que sabem a que me refiro na frase "Isto vai dar uma bola"? Será "bóla" ou "bôla"?
E ainda há mais, como nestas frases: 
"Espeto o espeto na carne."
"Olho fixamente e o olho fica cansado." 
"Governo melhor a minha casa que o governo o país." 
"Quando o tempo está de seca, a roupa fica seca mais depressa." 
"Tenho uma forma com forma de sino."
"Colher flores com uma colher não dá muito jeito!"
"A sede sentida, hoje, na sede foi grande." 
"No coro, coro sempre que faço de solista." 
"Virei o molho no molho de chaves." 
E quanto me irritam aqueles que vão para as redes sociais atacar o AO por ser um atentado à língua portuguesa (a tal língua que, como escreveu o grande Luís de Camões, “Com pouca corrupção crê que é a Latina”) e, na mesma frase onde se mostram chocados pelas alterações, dão tantos erros ortográficos e pontapés na sintaxe que até dói! Como nestes exemplos:
Eu entendo-te muito bem, no entanto sempre foi contra a este acordo.”  
Foi?!!! Contra a…?!!! 
“…tens de ser despedido por justa causa. Pusestes em causa o enorme jogo…” 
Tu pusestes?!!! 
Perdoai-lhes, Senhor, a culpa é da liberdade de expressão!

6 de novembro de 2016

MEXE-TE!

Claro que ninguém te esperava. O país era escuro e não se vislumbravam dias mais espertos
Claro que todos te queríamos! E o tempo escuro que não se ia e nos sufocava! 
Claro que alguns lutavam no escuro contra os estúpidos que se achavam espertos. Tão espertos que alimentavam a estúpida ignorância.
- Mexe-te, liberdade! – disseram esses alguns. E tu chegaste, sorridente, vestida de cravo vermelho. 
E nós agradecemos: 
- És tão estúpida, ditadura. Mexe-te! Mexe-te daqui para fora!

Desafio da Margarida Fonseca Santos: 3x5 palavras no texto

4 de novembro de 2016

PASSEIO NO OUTONO


Hoje andei a passear no outono. Não tendo levado o guarda-folhas, apanhei um banho de cor.