23 de julho de 2015

O QUE ACABEI DE RELER

O Rapaz dos sapatos prateados é o último livro da trilogia da qual fazem parte as obras A Ilha do Chifre de Ouro e O Último Grimm onde há uma fusão de dois mundos: o real e o imaginário, tema preferido do autor na sua literatura. 

Hugo tinha seis anos quando percebeu que o mundo não rimava com ele e experimentou a dolorosa solidão dos diferentes. Segundo ele, a sua família é uma família de “grunhos” e de “Is”- incultos, insensíveis, idiotas e irresponsáveis. Hugo é, realmente, um rapaz diferente. Sensível, está atento e questiona o mundo que o rodeia e os sues mistérios: Deus, Céu, Inferno, Morte, Poesia, Amor. 
Ao longo da estória, Hugo vive uma forte paixão e vê-se envolvido num caso policial onde nem sequer falta um crime! No final, o protagonista liberta-se da lei da gravidade e voa na pele do Rapaz dos Sapatos Prateados, o duplo que ele criou, num jogo entre o real e o imaginário. 
Primeira página:
"Tinha seis anos quando percebi que o mundo não rimava comigo e experimentei a dolorosa solidão dos diferentes. Tudo, ou quase tudo, à minha volta me parecia estranho; a começar pela minha família. 
Eu gostava de palavras e tinha aprendido a ler e a escrever antes dos outros todos da minha sala. Como? Onde? Aí é que está! Como ninguém me ensinou, acho que foi a olhar para os títulos dos jornais desportivos que o meu pai trazia para casa ao fim do dia, ou nas revistas que me apareciam à frente, ou até nos letreiros das montras e nos cartazes publicitários. Felizmente, as palavras estão por todo o lado. Eu olhava para elas e elas olhavam para mim como se me conhecessem. Talvez de uma vida anterior em que fomos felizes e vivemos uma história de amor"

Ao longo de todo o romance, o leitor agradece que as palavras estejam por todo o lado e tenham entrado neste romance juvenil. Apetece pegar no lápis e sublinhar todas as frases que fazem sentido e tocam o leitor, que encerram pensamentos e reflexões sobre assuntos que convivem diariamente connosco mas que nos passam ao lado pois vivemos a correr: "As crianças correm para a adolescência, os adolescentes correm para a vida adulta, e nem uns nem outros param para simplesmente ser. Estão sempre em trânsito, a caminho do que vão ser, e nunca chegam a ser aquilo que são". (página 45)

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