25 de abril de 2020

DIÁRIO DE UM TEMPO DE MEDO XLIII

Hoje, a Liberdade está de parabéns. Sim, já é uma senhora crescida, faz 46 anos.

Depois de tanta polémica, devido à comemoração do seu aniversário na Assembleia da República, tudo passou e passou muito bem. Dentro dos limites do confinamento, é certo, mas a festa não ficou por fazer.
A festa não se fez no exterior da AR com uma imensa multidão. Fez-se no interior com algumas pessoas que não deixaram esquecer esta data tão importante para Portugal. E o discurso do Presidente da República foi bem claro e assertivo: "Deixar de evocar o 25 de abril, num tempo em que ele está, porventura, mais à prova nestes 46 anos, seria absurdo cívico. E não o fazer nesta casa da democracia com a presença de todos os principais poderes de estado e para além deles seria um mau sinal um péssimo sinal de falta de unidade no essencial.” 
A festa não se fez nas Câmaras Municipais. Fez-se nas redes sociais. 
A festa não se fez nas ruas. Fez-se nas varandas e janelas. Fez-se entre famílias com os meios tecnológicos ao dispor.
Não fazer a festa seria um absurdo. E, para absurdo, já basta o que basta. Já basta a situação de clausura monástica em que vivemos porque um ser miserável e minúsculo a isso nos obrigou. 
A vida atual tornou-se um nó apertado, parece um nó cego impossível de desatar. Mas, há sempre uma esperança. Haja paciência e alguma perícia. Depois de desatado, concluiremos que, afinal, o nó tem duas pontas e essas ninguém as consegue prender. Tal como essas pontas, também somos livres. Com ou sem vírus!
A liberdade foi uma conquista. E isso não pode ser ignorado. Nunca!

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