4 de julho de 2012

ARREPENDIMENTO

Desta vez, o texto é uma parceria com a minha mãe.

ilustração de Adão Cruz

- Bateste à minha porta, poesia! Voltei-te as costas, não te recebi. Não quis pensar em nada, apartou-se de mim qualquer magia.
- Quis inundar-te, não me recebeste! Disseste-me não!
- Minhas mãos, de trabalho, estão cansadas.
- Podias descansar em mim!
- Minhas ideias, de oprimidas, ficaram pardas.
- Quis iluminar-te o pensamento!
- Cheio de dor está o meu pobre coração.
- Quis serená-lo, não me atendeste!
- Agora, arrependida, sinto dor. Não atendi o teu apelo, fui cruel.
Partiram, então, em direções opostas.

desafio nº11 da Margarida Fonseca Santos, no blogue 77palavras

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