12 de julho de 2020

DESENRAIZADA

Gemeu quando a cortaram, mas os seus gemidos foram em vão. Ninguém a ouviu (ou ninguém a quis ouvir!). O destino estava traçado e, em breve, a árvore seria uma peça de mobiliário ou o chão de uma casa qualquer.

Então, ousou sonhar. Não queria que lhe matassem a alma e só haveria uma forma de continuar viva. Desenraizada da terra, desejou ser transformada num barco. Enraizar-se-ia no mar, viajaria, veria mundo e poderia continuar a sorrir.

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