Foi com muito agrado que, em setembro passado, participei neste cadavre exqui, que circulou por quem andava nos jardins do Palácio de Cristal, durante o festival organizado pelo Bairro dos Livros, no qual o grupo do Clube de Leitores teve um papel preponderante.
Um "cadáver esquisito", em francês cadavre exquis, é um jogo coletivo inventado por volta de 1925 em França pelo movimento surrealista, pretendendo subverter-se o discurso literário convencional.
Como funciona? Cada pessoa escreve duas linhas, dobra o papel tapando a primeira e deixando à vista apenas a segunda, e o autor seguinte continua o texto, sem a menor noção do que foi escrito.
O resultado é hilariante.
"O Jardim é um palácio que floresce entre pavões e bancos
Confusões e felizes prantos que nos habitam o interior
Das recordações dos disparates e da evolução do mundo, que
Avança com ou sem razão das esperas que não acontecem
Pois o tempo, ou a falta dele, esse é o grande problema.
Estas esperas devem pois, ser bem calculadas.
Pois agir sem pensar não é de todo aconselhável
Assim, vejamos a situação:
O corpo estava a entrar em decomposição.
A cara estava branca, gelada, apesar do calor da noite.
A solidão estava marcada, bem presente.
E sono, muito sono realmente!
É no estado em que o homo sapiens se tem encontrado
Desde o início da sua civilização
Não interessa
Tudo era natureza
Tudo era morte
Tudo se torna em veludo azul
A coisa mais rara neste mundo, as pessoas pensarem por si próprias.
É raro mas quando acontece é mágico.
É assim que vivemos, sorrimos e amamos.
Por isso vamos a isso.
Mas cuidado… Os lobos e as meninas andam por aí
E sabem sempre o que querem!
Mas o que quererão afinal?
E será que alguma vez o saberão?
Essa é a questão filosófica que se impõe!
Essa e a questão da origem do universo das bandas desenhadas
que surgem nas bancas das papelarias sem ninguém saber como!
Como é que ninguém sabia dessa porcaria!
Tanta coisa para nada!
Aumentando a vontade de conquistar o infinito, sem porém
Julgar a vontade do(s) outro(s).
E acham-se importantes por fazê-lo!
Acho graça a essa gente, a nossa gente.
A nossa gente é capaz de tudo.
Andar desalinhada, só isso!
No dia em que descobrir o seu próprio poder, tudo acontecerá!
Somos uma gente capaz! Capazes!
A propósito de capazes, acho que ou capaz de comprar uma bimby…
Ando a pensar nisso há tempo… Acho que vou…
Comprar o tal livro da selva e, mergulhando na sua leitura
Vou viver a aventura que ele me sugerir
Não sei o que vi nele, nem o que me atraiu. O olhar transparente?
O sorriso nos lábios grossos? Não sei. Em todo o caso, embarquei na aventura.
O primeiro dia foi repleto de medos, inseguranças… e à medida que
O dia ia passando mais eu me libertava destes medos e deixava a energia
Fluir, e um sorriso aparecia na minha cara.
«Mandato de despejo aos mandarins da Europa! Fora!
Se quiserem ficar lavem-se!»
E lavem-se de preconceitos e opiniões
Lembra-te que é hoje!
Sim, hoje, porque é hoje que estás a ler isto.
Aliás, agora!!! Acabei de ler e vou “desencanar” o burro.
Alea jacta est! “Alea jacta est”.
Afirmação de boa memória e omnipresente
Nos livros de Asterix, que me encheram a infância.
A infância, aquele tempo em que não tinha horários e passava
O tempo a brincar!! Além do Asterix, havia a pequena sereia.
Mas o meu preferido era o Bocas. Um boi vermelho, vestido com
uma jardineira de botões amarelos. A sua melhor amiga, a tartaruga Mike
ficou muito feliz ao saber que o jardim estava lindo e cheio de flores.
Ao ver tudo aquilo quis abraçá-la e agradecer para todo o sempre.
No sempre a eternidade do amor e a salvação!
Mas um belo dia o canto de jades esfumou-se.
O encanto foi-se.
E ele ficou com uma caixa cheia de sonhos vazios.
Pensou como gostava dela…
Como ela era injusta.
Nunca preparava o café a meu gosto.
E ainda dizia: “a culpa é tua”.
Mas nem sempre a culpa é nossa!
Não queiras pôr culpas onde não queremos!
Sentimento que inflama, que nos aprisiona.
Perdoa-te e vive com a tua alma por inteiro!"
Sem comentários:
Enviar um comentário