1 de novembro de 2022

REFLEXÃO DO DIA

Tive uma educação católica e, durante muitos anos fiz parte de um grupo coral da Igreja. Algures no tempo, algo se perdeu, não sei quando, não sei porquê, e, hoje, o ritual da missa não me faz muito sentido. Mas, pelo menos uma vez por ano, neste dia, lá vou. Para acompanhar a mãe e as irmãs e, sobretudo, para estar, momentaneamente, com aqueles que já partiram. Este dia obriga-me a pôr travão no meu ritmo desenfreado e a parar para observar e pensar.

Estar na igreja e observar tornou-se um exercício doloroso. Algumas das pessoas que, na minha juventude eram adultos jovens, estavam lá, velhinhas, trôpegas, numa decrepitude assustadora.  E os outros, os da minha idade, aqueles que só vejo uma vez por ano, aqueles com quem convivi no passado, agora envelhecidos, porque o tempo não perdoa, fazem-me lembrar que também eu já não sou a menina que fui.

No entanto, valeu a pena lá estar. Pelo coro, um concerto nas palavras do padre, que me tocou fundo e me deu paz.

Feitas as contas, a fé (para quem a tem) e a arte (para quem a aprecia) ainda têm o poder de salvar o mundo.

Sem comentários: