25 de abril de 2013

O QUE ACABEI DE LER

Conhecia Philip Roth de nome mas nunca tinha lido nada dele. Li, agora, dois de uma assentada: A humilhação e Indignação.
Em relação ao primeiro, a palavra certa para definir o conteúdo do romance é tragédia. A tragédia da vida, a tragédia da perda: juventude, autoconfiança, amor.
Quando se perde a magia e se esgota o ânimo, vem a humilhação. Axler, um famoso ator, já não consegue representar, a sua reputação está em causa, a sua vida familiar desmorona-se, o vazio da sua vida aterra-o e a crise da idade leva-o a procurar internamento psiquiátrico. Apenas o desejo erótico e o relacionamento com uma mulher, vinte e tal anos mais nova, o revitalizam e o fazem sentir de novo que a vida tem magia. Mas os planos são o que são e nem sempre é possível concretizá-los e a humilhação regressa. E Axler acaba como sempre viveu: num palco a representar a sua própria tragédia!
Um romance forte, sem tabus nem preconceitos, onde temas como os abusos sexuais a menores, a homossexualidade, o divórcio, o amor e o sexo, a esperança e a frustração, o suicídio são postos a nu e abordados com frontalidade e crueza, até. 
Roth marca de uma forma pesada. Ler um romance de Roth implica ficar muito tempo a digeri-lo num debate com as personagens tão intensas que até parece que gostam de chicotear o leitor. Mas o leitor de Roth é masoquista (pelo menos esta leitora é) e gosta de levar pancada psicológica e de viver a vida das personagens como se fossem a sua vida, num enorme prazer da leitura que se prolonga para além da leitura do livro.

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