1.
Absorta nos seus pensamentos, Isabel regressa da escola no autocarro apinhado, colada aos outros passageiros. Com toda uma vida à sua frente, não se importa com o futuro, ainda tão distante. O mundo não é perfeito e Isabel sabe-o. Para quê estragar a sua juventude com pensamentos cinzentos? Desliga-se do mundo e liga-se à música que irrompe, ouvidos adentro, via iphone. E a música fá-la planar e fantasiar, esquecer e não sofrer, enfrentar a loucura da vida.
2.
A cidade é ruidosa, desumana. Homens e mulheres ruidosos e desumanos atravessam-na mecanicamente como fantoches manipulados por forças ocultas. Abrigada no seu quarto branco, ela sonha com um mundo melhor. E isso só o conseguirá com poesia. Sai, silenciosamente. Sem falar mas com um sorriso eloquente nos olhos, distribui papéis coloridos ao seu redor: nas árvores, nos para-brisas, nas caixas de correio… E os pequenos poemas levam àquela gente a cor, o saber, o sabor da alegria.
Sem comentários:
Enviar um comentário