ilustração de Helena Veloso, in Do cinzento ao azul celeste
É
abril e lá fora cheira a cravos. Dos que vivem nos canteiros e que, este ano,
não serão cortados para servirem de estandarte nas comemorações da liberdade.
É
abril e cá dentro cheira a cravos. Dos que vivem nos livros e, misturados com
as palavras que ilustram, gritam liberdade.
Esse
grito, este ano, não se ouvirá nas ruas, nas praças, só nos livros que lermos.
É
abril, um mês que guarda dentro de si dois dias especiais que convidam à
leitura. O dia Internacional do Livro Infantil e o Dia Mundial do Livro,
respetivamente dia 2 e dia 23.
Urge,
então, promover a leitura, falar de livros, dá-los a conhecer e a ler. E, sendo
abril o mês do livro e o mês da liberdade, convoco, neste meu humilde texto, a
boa literatura sobre este tema. Falar de literatura é partilhá-la e dar forma a
tudo o que os livros nos fazem sentir e pensar.
Muitos
escritores escolheram "Abril" como tema das suas estórias, um mês cheio
de luz e de cores, um mês cheio de significados. E, no contexto da literatura
para crianças e jovens em Portugal, são muitas as obras cujo tema é a Revolução
de Abril de 1974. As primeiras edições surgem no final da década de setenta e,
desde então, continuam a ser reinventadas novas estórias. Para que a memória
não se apague, nunca.
Então,
deixo a minha partilha, contando uma estória com os títulos que tanto me
encantam e que moram nas minhas estantes, livros onde os cravos se espalham
pelas páginas e perfumam as palavras com o seu odor a liberdade.
Romance
do 25 de abril
Era uma vez um cravo que nasceu para transformar as
armas em jarras coloridas e impedir que delas saíssem balas.
Esta é, então, a história
de uma flor. A flor de abril trouxe a magia do luar e todos os anos
faz uma viagem à flor do mês. A ornar a lapela do casaco do rapaz da
bicicleta azul, não deixa esquecer os heróis, os destemidos capitães de
abril que fizeram a revolução das letras e aniquilaram o ladrão
de palavras que nos roubou o tesouro mais precioso e foi corrido à vassourinha,
num dia de sol. Um dia que libertou dos combates, dos medos e da morte aqueles que se
encontravam, lá longe onde o sol castiga mais.
E são muitas as estórias
desse dia. 7 x 25 a sete vozes. Tantas estórias da liberdade são
contadas neste país que deixou a felicidade entrar e mudou de cor passando do
cinzento ao azul celeste.
E só quem viveu plenamente
este dia poderá contar esta fábula dos feijões cinzentos com toda a
emoção.
25 de abril, quase como um conto de fadas. Sempre.
Chegando a estória ao fim, e em tempo de isolamento social, fica um
desafio para ajudar a passar o tempo: descobrir os autores destes títulos,
procurar os livros e usufruir de boas leituras. E assim se vão contando os fios
que tecem a História.
texto publicado na revista online "A casa do João"
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