21 de março de 2020

ESTA LÍNGUA PORTUGUESA

No Dia Mundial da Poesia, a minha homenagem à poesia e à beleza da língua portuguesa.

Que língua é esta que permite rimar
Liberdade, dignidade, lealdade
Com desigualdade, maldade, crueldade?

Que língua é esta que permite rimar
Ciência, sapiência, inteligência,
Com violência, insolência, indolência?

Que língua é esta que tem coração, união e paixão
E deixa entrar a solidão e a corrupção?

Que língua é esta que tem pão
E deixa entrar a fome e a palavra não?

São apenas aparentes contradições
De uma língua viva, plena de emoções!

Porque esta é uma língua apaixonada
Que faz o amor ter sabor a romã.

É uma língua que permite rumar a sul
E perder o norte
Na dança do planeta azul.

É a língua que fica a ver estrelas
Nas noites em branco.

É uma língua de braços abertos
E de mão beijada
Tem o coração ao pé da boca
E em lágrimas se desfaz.

É a língua casamenteira
Que não dá ponto sem nó
Casa o quadro com a quadra
O cigarro com a cigarra
E faz a festa da palavra.

É uma língua maiúscula
Com sabor a mar
E sabor a mel
Com sabor a sol
E sabor a sal
Com sabor a lua
E sabor a céu
Com sabor a rosas
E sabor a vento.

Esta é a língua
Que tem a palavra chuva
E cheiro a terra molhada
Que tem a palavra praia
E o cheiro da maresia
Que tem a palavra flor
E cheira a jasmim
Que tem a palavra calor
E o perfume do amor.

Esta é a língua
Para musicar e cantar
Para falar e ronronar
Para respirar e saborear
E, ainda, imaginar.

Esta é a língua
Que tem a cor dos girassóis
E da melancia
Que faz rimar
Melodia e harmonia.

Abençoada língua esta
Que permite rimar
Agasalhar e beijar
Criticar e desabafar
Pensar e gritar
Viajar e poemar.

Uma língua assim, de tudo é capaz.
É com esta arma que se constrói a paz!

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