Que língua é esta que permite rimar
Liberdade,
dignidade, lealdade
Com
desigualdade, maldade, crueldade?
Que
língua é esta que permite rimar
Ciência,
sapiência, inteligência,
Com
violência, insolência, indolência?
Que
língua é esta que tem coração, união e paixão
E
deixa entrar a solidão e a corrupção?
Que
língua é esta que tem pão
E
deixa entrar a fome e a palavra não?
São
apenas aparentes contradições
De
uma língua viva, plena de emoções!
Porque
esta é uma língua apaixonada
Que
faz o amor ter sabor a romã.
É
uma língua que permite rumar a sul
E
perder o norte
Na
dança do planeta azul.
É
a língua que fica a ver estrelas
Nas
noites em branco.
É
uma língua de braços abertos
E
de mão beijada
Tem
o coração ao pé da boca
E
em lágrimas se desfaz.
É
a língua casamenteira
Que
não dá ponto sem nó
Casa
o quadro com a quadra
O
cigarro com a cigarra
E
faz a festa da palavra.
É
uma língua maiúscula
Com
sabor a mar
E
sabor a mel
Com
sabor a sol
E
sabor a sal
Com
sabor a lua
E
sabor a céu
Com
sabor a rosas
E
sabor a vento.
Esta
é a língua
Que
tem a palavra chuva
E
cheiro a terra molhada
Que
tem a palavra praia
E
o cheiro da maresia
Que
tem a palavra flor
E
cheira a jasmim
Que
tem a palavra calor
E
o perfume do amor.
Esta
é a língua
Para
musicar e cantar
Para
falar e ronronar
Para
respirar e saborear
E,
ainda, imaginar.
Esta
é a língua
Que
tem a cor dos girassóis
E
da melancia
Que
faz rimar
Melodia
e harmonia.
Abençoada
língua esta
Que
permite rimar
Agasalhar
e beijar
Criticar
e desabafar
Pensar
e gritar
Viajar
e poemar.
Uma
língua assim, de tudo é capaz.
É
com esta arma que se constrói a paz!
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