28 de agosto de 2023

O QUE ACABEI DE LER

 

A política, o pós 25 de abril, os retornados, a amizade, o divórcio, as frustrações amorosas, a adoção de animais, o abate de animais para alimentação, a sociedade de consumo e o inevitável desperdício, a escola, as escolhas, está tudo neste livro. Tudo posto a nu, sem subtilezas, sem rodeios, sem preconceitos.

O narrador é uma personagem fantástica pelas escolhas de vida que fez, por assumir estar contra tudo o que para os outros é normal e por ter coragem de ir contra todas as opiniões. A sua suposta solidão junta-se a outra solidão, a da estranha vizinha que coleciona caixotes de tralha catalogada e fotos que não revela.

Uma narrativa com tempos alternados, histórias de vidas cruzadas, intercaladas, intrincadas. Um romance com muitas histórias dentro, cada uma mais intrigante do que a outra. Em torno das histórias do José, giram as histórias das personagens que fazem parte da sua vida: as histórias da mãe, do pai, da avó, da Cátia, da vizinha, dos retornados, dos cães.

 "Que resultados obtemos quando se juntam duas solidões?"

Neste caso, solidão + solidão = partilha, apoio, confiança, diálogo. Porque “precisamos de alguém com quem falar.”

Seja uma pessoa, seja um cão no meio do caminho, "Ninguém entra na nossa vida por acaso."

Depois de ter lido  A gorda e, agora, Um cão no meio do caminho, Isabela Figueiredo está, definitivamente, na lista das minhas preferências.

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