E a questão coloca-se: o que tem a ver o Natal (palavra no título) com o poema associado ao 25 de Abril e com a imagem da capa com cravos vermelhos, símbolo da revolução e da liberdade, espetados num pinheiro de Natal?
A curiosidade do leitor rapidamente é sossegada pela narradora que, logo no início da narração, dá a resposta: O Natal aproxima-se e o seu avô não sabe o que é o Natal. O seu avô está duplamente esquecido (de si próprio e pelos outros). Tão esquecido, que responde, quando lhe perguntam quem é, “Ninguém”, como o Romeiro do Frei Luís de Sousa.
Quando o avô decide falar, a neta ouve-o falar de um Natal passado há 50 anos. Um Natal “inteiro e limpo”, em que as pessoas vieram para a rua. Soldados e mulheres. E flores. “O povo na rua, a guerra no fim, o dia de festa”.
Sim! Era Natal nesse dia porque homens e mulheres puderam estar juntos, a guerra tinha acabado, havia países novos, os militares não dispararam.
Era Natal!
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