Finalmente pude usufruir de um prazer tão simples como tomar um café numa esplanada. Quase vazia, é um facto, com as mesas afastadíssimas umas das outras, mas valeu a sensação de liberdade, um café, ao ar livre, dois meses e meio depois do último!
São pequenos prazeres como este que o bicho coronavírus nos roubou. Outro prazer roubado: o de entrar numa biblioteca para requisitar um livro ou numa livraria para o comprar. São espaços que nos transmitem tantas sensações! Ver os livros alinhados e percorrer as estantes até encontrar o que se pretende. Sentir o seu cheiro. Tactear as suas folhas e sentir a textura do papel. E, por incrível que pareça, as sensações auditivas que estes espaços proporcionam, mesmo que se encontrem vazios, são incríveis. Dentro dos livros há vidas e eles gritam para chamar a nossa atenção. Querem ser levados.
Este prazer ainda não foi recuperado. O livro, encomendado na Internet, chegou a casa. Mas não é a mesma coisa!
Por outro lado, se muitos prazeres foram roubados, outros vieram substitui-los. Observar a Natureza que, repentinamente, passou a revelar-se despudoradamente, faz-nos (re)descobrir o quanto ela é bela em toda a sua simplicidade. Não me lembro de, nos anos transatos, ter visto as amoreiras floridas de forma tão provocadora!
Sem comentários:
Enviar um comentário