A visita à Polónia, de 12 a 16 de abril, revelou-se um autêntico mergulho na História.
Vinte alunos do ensino secundário e quatro professoras da escola secundária João da Silva Correia puderam conviver, partilhar histórias e aprender. Mais do que um manual escolar, a viagem permitiu o contacto direto com os locais, as gentes, a língua, proporcionando experiências sensoriais e profusão de cultura.
A cidade de Cracóvia é uma cidade que resistiu a muitos tumultos e sobreviveu à ocupação alemã, ao contrário das principais cidades polacas que ficaram em ruínas. Ali, o grupo calcorreou ruas e ruelas, parques, praças e jardins. Entrou em livrarias, palácios, museus, igrejas e catedrais de grande beleza. Nos imensos bares, restaurantes, tasquinhas e salões de chá, saboreou os famosos pierogi (de carne, espinafres ou queijo) ou os ruskies (com batata, cebola e queijo) e os típicos bagels (pão em forma de anel com crosta polvilhada de sal e sementes de papoila).
Cracóvia exibe, decididamente, dois lados bem opostos: o lado ancestral, com monumentos góticos, fachadas antigas, caleches à espera dos clientes, e o seu lado moderno e cosmopolita, tudo iluminado pelas flores coloridas que proliferam em todas as esplanadas, parques e pátios ajardinados.
Foi com bastante expectativa que o grupo esperou o aparecimento do “trompetista de Cracóvia” que, do alto de uma das torres da igreja de Santa Maria, faz soar o hejnal, ritual que lembra a lenda segundo a qual, em 1241, o trompetista fora mortalmente atingido por uma flecha que se lhe atravessou no pescoço, quando avisava a cidade do ataque dos mongóis.
Foi sentida como mágica a colina que exibe o sumptuoso Castelo de Wawel, o mais completo exemplo de arte medieval, renascentista e barroca, e a catedral onde foram coroados e sepultados quase todos os reis polacos. Na base da colina, nas margens do rio Vístula, um dragão que cospe fogo lembra a lenda do sapateiro que o derrotou com uma ovelha cheia de enxofre, casou com a princesa, tendo-se tornado rei e erigido o castelo.
A parecer um conto de fadas foi a visita às Minas de Wieliczka, um complexo grandioso de túneis onde surgem lagos salgados e se abrem várias câmaras decoradas com esculturas, baixos relevos e recriações históricas. Aqui, o grupo tomou conhecimento de mais uma lenda polaca que narra a história de uma princesa húngara, prometida a um príncipe polaco, que pediu ao pai sal de gema, algo muito raro na Polónia, e atirou o seu anel ao poço da mina ordenando-lhe que a seguisse até Cracóvia. Quando chegou, pediu a alguns mineiros que escavassem um buraco e eles encontraram um pedaço de sal e o seu anel. Estas minas têm uma profundidade de 327 metros (apenas 235 metros estão acessíveis aos visitantes) e o seu interior é outra cidade: numa capela, “a catedral subterrânea da Polónia”, todos os domingos há missa e, por vezes, também lá decorrem concertos e casamentos.
Os museus do Holocausto existem para que a História não seja esquecida e não se repita porque, citando George Santayana, “aquele que não lembra a história está condenado a vivê-la novamente”. Ter visto jovens alunos a chorar perante aquilo que puderam observar foi a sensação plena do objetivo cumprido. A História entrou-lhes (entrou-nos!) na alma, coisa que os manuais escolares não permitem!
1 comentário:
Excelente! Emocionaste-me!
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