A manhã desponta particularmente quieta.
Abro a janela do quarto de hotel e respiro o ar limpo que vem do jardim onde repousam as cadeiras da piscina, ainda vagas, milimetricamente alinhadas.
A sala do pequeno-almoço também se encontra particularmente vazia. Os hóspedes já partiram ou estarão mais ensonados do que o costume?
Chego à praia. Quase deserta, também. O meu recanto, entre rochas, aguarda-me e oferece-me sombra. Apenas se ouve o ligeiro bater das minúsculas ondas na areia, a música da praia. O mar chama-me. Está só e quer companhia. Faço-lhe a vontade. Sigo por ele adentro. A transparência da água permite ver o fundo e apanhar uma concha aqui, um búzio ali. Um cardume passa apressado em direção à outra banda. Parece fugir das barulhentas gaivotas que, esfomeadas, veem nos pequenos peixes grande banquete.
Caminho em frente, cortando a água. Olho a praia que fica para trás, longe. E prossigo, sempre em frente, até perder o pé. Continuo só, com tanto mar só para mim. Poderia ficar aqui, transformada em sereia à espera de um Ulisses que me viesse buscar. Poderia, até, morrer neste
momento, levaria o mar comigo.
Mas a realidade chama-me à razão. É fim de férias, o trabalho espera-me.
Num dia que acorda assim, é mais difícil dizer adeus!
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