31 de dezembro de 2015

PAZ-NA-TERRA-AOS-HOMENS-DE-BOA-VONTADE!

Hoje senti-me mal. Terrivelmente mal!
Precisei de meia hora de estacionamento para o meu carro. Meia hora que tive de pagar. Fosse esse o mal maior!
Último dia do ano. Época de balanços. E a balança tombou pesadamente para o lado da miséria.
Enquanto punha umas moedas nos parquímetros, uma velhinha aproximou-se a pedir dinheiro para dar de comer aos três netos e à filha. Eu alimentava a máquina. Ela não tinha com que alimentar a família. Tão velhinha, deveria ter quem se preocupasse com ela, não deveria ser ela a estar preocupada com os seus.
Uns metros à frente, um polícia vigiava ferozmente os carros estacionados. E multava todos os que não exibissem o papelucho das malditas maquinetas. Alguns condutores teriam ido, provavelmente, apenas tomar um simples café ou dar um rápido recado. E o dia saiu-lhes caro. E os polícias agiram assim, na véspera de Natal e hoje, também! Como lobos esfaimados atrás da presa. Mas, fosse esse o mal maior!
A velhinha continuou vagarosamente o seu percurso. Na rua continuava a ouvir-se uma suave melodia de Natal. “Noite Feliz! Noite Feliz”. Porém, as moedas não entravam no seu bolso, para que ela tivesse o vislumbre de alguma felicidade. Tinham outro destino. Para alimentar quem? O que se faz com o dinheiro que as máquinas engolem diariamente? Serve o bem-estar social? Ou alimenta ideias megalómanas?

Porque o espírito natalício ainda paira por aí e hoje é o último dia do ano e todos desejam um feliz-ano-novo a todos, só apetece dizer: Glória-a-Deus-nas-alturas-e-paz-na-terra-aos-homens-de-boa-vontade. 

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