Caro 2024,
Este é o teu último dia e não sei se me quero despedir. O teu sucessor vai entrar e, estou convencida, não vai ser meigo.
Não é que tu tenhas sido muito meigo, trouxeste alguns contratempos, mas nada que não se resolvesse e, feito o balanço, até foste um ano bom. Profissionalmente continuo a fazer o que gosto e a ter alguns sucessos, a Beatriz, finalmente, está na casa dela e vejo-a feliz (quando os filhos estão felizes, as mães também são felizes), e a família está bem e continua unida.
Não sou mulher de sofrer por antecipação e, normalmente, sou positiva e otimista. No entanto, o teu sucessor traz-me alguma preocupação. O mundo está feio! Guerras que nunca mais acabam e ameaças de outras ensombram-nos. A pressa com que vivemos, sufoca-nos. A falta de tolerância, a desigualdade social cada vez mais acentuada, o egoísmo exacerbado desumanizam-nos.
Por isso, não quero um Ano Novo apenas pintado com novas tintas que apenas escondem o negro que fica por baixo.
Quero que a partir de janeiro as coisas mudem, que seja um ano mesmo novo, não seja remendado. Quero que, em todo o mundo, a justiça seja plantada, que a liberdade se espalhe e contagie, que os direitos sejam respeitados. E, parafraseando Carlos Drummond de Andrade, que entre os homens e as nações tudo seja claridade, recompensa e justiça.
Será querer o impossível? Em todo o caso, peço-te que entregues este recado a 2025 antes de partires.
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