Cheguei à escola, carregada com um pesado saco de livros, e várias crianças imediatamente foram ter comigo para me ajudarem a carregar o saco para a biblioteca onde ficaram a apreciar os livros novos expostas e a conversar sobre eles.
Os vários sotaques que fui ouvindo soaram-me a música. E apercebi-me que é esta música que muito tenho ouvido ao longo deste ano letivo. Nunca, até então, tinha sentido a variedade linguística com tal intensidade.
Trabalhar numa escola, hoje, é viver numa torre de babel onde diferentes línguas, com diferentes sotaques, se misturam.
Trabalhar numa escola, hoje, é ouvir uma sinfonia de vozes, onde cada língua e cada sotaque são notas perfeitas que compõem uma melodia harmoniosa. Ou fios que, tecidos, criam uma manta de histórias e culturas, num trabalho de patchwork.
Cada aluno traz consigo a música da sua língua natal. E que agradável é, por ser tão doce, ouvir o português de Portugal entrelaçado com o português do Brasil e o de África!
Esta diversidade traz frescura e lembra-nos que a beleza da comunicação, e da vida, está na variedade.
Ouvir histórias contadas em idiomas diferentes lembra-nos que, apesar das diferenças, os sonhos, as esperanças e as alegrias são universais.
A escola tornou-se um microcosmo, um lugar onde se celebra a diversidade e se aprende que cada voz é uma contribuição indispensável para um mundo harmonioso. Assim, a Torre de Babel deixa de ser um símbolo de confusão, já não é castigo divino, é música para os ouvidos.