14 de maio de 2022

O QUE ACABEI DE LER


Julien Dubois, herdeiro privilegiado de uma família rica, e François Samson, o invisível menino pobre, mas um génio que aprende sozinho a tocar piano o qual domina de forma exímia, são as duas figuras que vivem em paralelo ao longo da história.

Mas, viver na sombra de Samsom, vai fazer de Dubois uma figura amarga por não conseguir tocar como ele. Através das drogas, foge à realidade da vida marcada pela rivalidade, pela inveja, pela frustração, pela mãe obscena, pelas opções erradas. 

Mas, o final, completamente surpreendente e emotivo, compensa toda a dureza da narrativa e, sobretudo, das imagens que falam mais e doem mais do que as palavras.

Balada para Sophie é uma deslumbrante novela gráfica que, tal como a música de François Samson, nos faz levitar.

E é inevitável ouvir a composição Ballade pour Sophie enquanto se lê a carta que Dubois deixa antes de partir para a eternidade.

Ler aqui uma entrevista a um dos autores, Filipe Melo.


12 de maio de 2022

O PÁSSARO E A PALMEIRA

O pássaro solitário instalava-se na única palmeira daquela rua, sempre que fugia ao frio do Norte e se agasalhava no calor morno das praias do Sul. Talvez por, também ela, viver só. E ela era a sua morada, sem porta nem fechadura. Olhando-os, via-se a imagem da liberdade.

Um dia, apertaram a árvore com um grosso cinto que lhe ferrava, fundo, a zona onde ia ser cortada.

Veio o verão, o pássaro não a encontrou. Espantado, chorou.


Desafio nº 272 – palavras encadeadas, com palmeira

21 de março de 2022

"A VASSOURA QUE DESVASSOUROU" ANIMA AS CRIANÇAS

 A vassoura que desvassourou anda a fazer as delícias das crianças de S. João da Madeira. As personagens saem do livro para suas as mãos e é animação garantida.










20 de março de 2022

NÃO QUERO FALAR DA GUERRA

Não!

Não quero falar da guerra!

Guerra é trovão na tempestade

É trator que atropela

É noite tenebrosa

 

Não quero falar da guerra!

Quero matar a guerra

Quero enterrar a guerra

Quero esquecer a guerra

Tanto, tanto!!!

6 de março de 2022

LIVROS QUE ME MARCARAM

A literatura não muda o mundo, mas pode mudar a maneira como as pessoas o veem, logo, pode fazer com que as pessoas o mudem. Mas, para isso, têm de ler os livros que as vão abanar e fazer mudar.

No contexto atual, um contexto de guerra na Europa, não poderia deixar de destacar os autores russos que me marcaram, para mostrar a quem desencadeou a guerra e a apoia que deve ler os seus próprios autores. Para refletir, aprender, respeitar os direitos humanos e, assim, melhorar o mundo em vez de o destruir. 

Fiódor Dostoievski, uma das maiores referências do existencialismo, demonstra quão complexas e contraditórias podem ser as pessoas. Na sua obra faz, com mestria, uma análise social dos comportamentos humanos e de todos os erros que o ser humano pode cometer. Entre outros, aborda temas como o sofrimento e a culpa, a pobreza, a violência, o assassinato, além de analisar transtornos mentais.

Em Crime e Castigo, um livro que me marcou para a vida, o autor expõe os dramas psicológicos sofridos pela personagem principal, Raskolnikov, autor de um homicídio que lhe deixou a consciência a sufocá-lo e o seu íntimo desfeito pela culpa. 

Em O Idiota, o autor expõe a problemática do indivíduo que se considera superior, num mundo obcecado por dinheiro, poder e conquistas. Nesta sociedade corrompida, recheada de pessoas desonestas, corruptas e perversas, alguém dotado de uma grande generosidade e de benevolência é considerado um idiota, um inadaptado.

No seu conto “A árvore de Natal e o casamento” Dostoievski mostra, com ironia, que os interesses económicos estão muito acima dos valores familiares e do respeito pelo outro. 

Outro excelente autor russo, Lev Tolstói escreveu três romances e dezenas de contos e novelas. A Morte de Ivan Iliitch, apresenta-nos as reflexões de um homem em sofrimento que, à beira da morte, questiona as suas decisões e o percurso de vida.

 Maximo Gorki acusado de exercer atividades subversivas foi preso; mais tarde, militou em inúmeros grupos revolucionários o que o levou, novamente, à prisão. Deste autor li, apenas, A mãe, numa altura em que estava, ainda, a descobrir a liberdade e a luta pelos direitos. Este romance mostra a transformação de uma mulher oprimida que passa a ser uma guerreira na luta pelos ideais, contra as injustiças do mundo.

São livros como estes, que deixam a nu os problemas sociais e morais, a ambição e a corrupção desmedidas, que deveriam ser lidos por todos para, assim, todos contribuírem para mudar o mundo, para não se repetirem os erros do passado. 

26 de fevereiro de 2022

LEITURA EM VOZ ALTA - ESTÓRIA DE AMOR




No mês dos afetos, a Rita levou para a escola o meu livro Em poucas palavras para partilhar com os amigos e a diretora de turma (a quem muito agradeço o envio do vídeo) uma estória de amor em 77 palavras. Sim, porque o amor não precisa de palavras, precisa de gestos. Partilhar uma leitura é um gesto de amor.

24 de fevereiro de 2022

DESAFIO DO PLANO NACIONAL DE LEITURA - MENSAGEM DE AMOR


O PNL desafiou e eu decidi responder ao desafio com o meu poema "aprendi, hoje, o que é o amor!".

E não é que foi premiado? E não é que o PNL até elaborou um postal para partilha nas redes sociais? 

Só posso estar orgulhosa!

31 de dezembro de 2021

ADEUS, 2021!

 Estúpido 2021! Com que então não quiseste ficar atrás do teu antecessor e vieste de má cara, continuaste de má cara e terminas ainda com cara pior. Parece que te zangaste comigo por não te ter recebido condignamente, por ter optado por vestir o pijama e dormir cedo em vez de ir para a ramboia com champagne e gente aos montes, bem sabes que não se podia fazer isso, o idiota do bicho não deixava, e ainda não deixa, mas houve quem o tenha feito, dizes tu e eu bem sei, mas sabes que eu sempre gostei de cumprir as regras, acho que tenho de deixar de o fazer, ando sempre lixada com tanto cumprimento que até ando zonza da cabeça que é para não dizer um palavrão, que por dentro tenho dito muitos, mas enfim, vamos ao que interessa e o que interessa é que podes continuar zangado pois se não fiz festa para te receber, também não faço festa para te mandar para os quintos dos infernos, nem para receber o teu sucessor. Ainda pensei comprar um pijama de lantejoulas, sempre dava um bocado de glamour à noite, mas não encontrei nenhum e, para o efeito ia dar no mesmo, quem sabe as lantejoulas não me deixariam dormir descansada e dormir é o que eu mais quero, enquanto durmo, não vejo, não ouço, não discuto, não penso. Por isso, avisa o teu sucessor que tire o cavalinho da chuva pois festa para o receber também não vai haver e diz-lhe para deixar de lado a estupidez e que se livre de querer imitar-te. Ah! Há outra coisa que eu mais quero que é apagar palavras do dicionário, pois os entendidos em feng shui, seja lá o que isso for, dizem que esta noite é de lua minguante por isso em vez de pedirmos coisas boas devemos pedir que as coisas más diminuam e é por isso que quero eliminar muitas palavras, vai-se a ver começam todas com a mesma letra, deve ser o karma que tem muita força e tu trouxeste alguns desaires à minha família durante este teu ano estúpido e se não acreditas faço-te uma lista, desastre e destruição do automóvel, despesas, doenças, discórdias, discussões, descrédito, desilusão, desânimo, distância, desamigamentos… e nem vou continuar!

Põe-te fino e passa a palavra a 2022 para que se ponha fino, também, e que deixe as idiotices de uma vez por todas que já estamos todos fartos.


12 de novembro de 2021

O BIZARRO MUNDO

O bizarro mundo continua a girar, esta é uma história de pasmar.

Guerra, violação, corrupção,

Egoísmo, deseducação, exclusão,

Fome, miséria, injustiça, doença, 

Poluição, destruição, pouca crença,

Irracionalidade, desigualdade, crueldade,

Abuso de poder, falta de solidariedade,

Ignorância, falsa amizade, insolência

Atentados, crimes, violência. 

Tantas são as pedras que fazem a engrenagem encravar. Ai! Ele vai estourar!

Mas, há sempre alguém que sabe esperar, há sempre alguém pronto a amar.

Então, resiliente, estoico, o bizarro mundo continua a girar…

Desafio nº 254 – frase de Paul Auster