Uma história de terror e ódio, inspirada na própria família da autora, que explora heranças familiares terríveis e presta vingança às mulheres violentadas. Mistura ficção e terror com elementos autobiográficos, centrada nas mulheres, a mãe, a avó e a bisavó, e na casa onde viveram, que acaba por ser a personagem central.
Narrada a duas vozes, por uma jovem e pela sua avó que alternam os seus pontos de vista, a história começa com o regresso da neta, acusada de um crime, à casa rural da família, um lar assombrado onde vive com a avó e com espetros do passado.
"A minha mãe dizia que esta casa nos faz cair os dentes e nos seca as vísceras, mas a minha mãe saiu daqui há muito tempo e não me lembro dela. Sei que dizia isto porque a minha avó mo contou, embora não fosse preciso porque eu já o sabia. Aqui caem-nos os dentes e o cabelo e as carnes e, se não tivermos cuidado, damos por nós a arrastar-nos de um lado para o outro ou prostradas na cama para nunca mais nos levantarmos".
Uma narrativa onde o terror psicológico perpassa. Os fantasmas que assombram a casa são reais para as protagonistas, há sombras debaixo das camas e nos armários, e conotam as feridas deixadas pela violência familiar e pela pobreza.
"Toda essa amargura, esse ressentimento que acumulamos ao longo dos anos, é como o caruncho, algo que nos destrói por dentro".
Todo o ambiente de assombração e medo foi inspirado na cultura popular local: acredita-se que os mortos voltam para transmitir mensagens ou para concluir algo inacabado.
Sem comentários:
Enviar um comentário